Em entrevista recente e impactante à revista EXAME (*), Scott Chambers, referência no tema, abordou a iminente entrada em vigor da Nova Norma Regulamentadora 01 (NR-1) e a maturidade do Brasil em relação à segurança psicológica.
À pergunta direta — “A NR-1, que entra em vigor em 2026, pretende justamente endereçar esse tipo de problema (segurança psicológica). O Brasil está pronto?” — Chambers respondeu com cautela: “(…) o Brasil não está preparado. O risco é que a norma vire um checklist. As empresas vão correr para cumprir os requisitos, oferecer treinamentos rápidos, e achar que fizeram sua parte. Mas segurança psicológica não se cria com palestra — se cria com comportamento.”
A crítica, embora generalizada ao utilizar o termo “as empresas”, talvez reflita a pressa inerente à divulgação midiática, mas acerta no ponto crucial: o risco da superficialidade. A segurança psicológica é um valor cultural, não um item de checklist.
A afirmação do despreparo levanta a questão fundamental: o que significa estar preparado para a NR-1? Fatores de riscos psicossociais são novidades no arcabouço legal brasileiro e representam um desafio complexo.
A preparação para o seu gerenciamento — utilizando o termo da NR-1 aplicado a estes riscos — transcende a mera intenção. Ela requer a convergência de três condições indispensáveis:
# Conhecimento: Entendimento aprofundado dos fatores de riscos e seus impactos.
# Ferramentas Apropriadas: Tecnologia para diagnóstico e compliance.
# Expertise em Gestão: Capacidade de integrar as descobertas aos processos corporativos.
É imperativo que essas três condições se integrem num conceito de multidisciplinaridade, havendo uma coordenação centralizada de um ciclo destinado à Saúde Mental e ao Bem-Estar Ocupacional.
Didaticamente, sumarizamos as etapas desse ciclo essencial em quatro fases: Diagnóstico, Prevenção, Gestão e Acolhimento.
O Ciclo é, fundamentalmente, um ciclo de aprendizagem contínua. As ações geram resultados que retroalimentam a próxima fase de preparação, garantindo que a organização não apenas cumpra a NR-01, mas desenvolva uma cultura de segurança psicológica que é aprimorada a cada volta do processo.