A NR 1 e a Avaliação de Riscos Psicossociais: a compliance diante da necessidade

Postado em 30/09/2025
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Nos últimos anos, a pauta da saúde mental ganhou centralidade no debate sobre saúde e segurança no trabalho (SST). Fatores como estresse, assédio moral, sobrecarga de tarefas e precarização das condições de trabalho evidenciam a importância de lidar com os riscos psicossociais de forma estruturada e sistêmica.
Nesse contexto, a Norma Regulamentadora nº 1 (NR 1) estabeleceu de maneira clara a obrigatoriedade de identificar, avaliar e gerenciar os riscos ocupacionais — incluindo os psicossociais.
 

A NR 1 como marco normativo

A NR 1 não apenas introduz o Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO), mas também conecta diretamente o processo ao Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), que deve conter:
  • Inventário de Riscos;
  • Plano de Ação.
Citando nominalmente o termo “riscos psicossociais”, o texto normativo não deixa margem de dúvida: trata-se de um risco ocupacional e, portanto, precisa ser contemplado no inventário e no plano de ação. Isso abre um novo campo de responsabilidade para empresas, consultorias e profissionais de SST.
 

A necessidade da avaliação de riscos psicossociais

Enquanto riscos físicos, químicos e biológicos já contam com metodologias bem consolidadas de identificação e mensuração, os riscos psicossociais ainda carecem de maiores conhecimentos sobre práticas sistemáticas e padronizadas no Brasil.
A ausência de ampla gama de instrumentos nacionais validados fez com que fosse necessário recorrer a experiências internacionais, como o COPSOQ (Copenhagen Psychosocial Questionnaire), amplamente utilizado em países da Europa e América Latina.
Essa realidade coloca as empresas diante de um desafio: como profissionais que têm maior relação com a NR 1 comumente ligados à área de Saúde e Segurança do Trabalho (SST), efetuarão a avaliação e gerenciamento de riscos psicossociais,
A resposta passa pela adoção de metodologias reconhecidas e adaptadas ao contexto brasileiro, garantindo confiabilidade técnica, simplicidade na aplicação e efetiva contribuição à saúde mental no trabalho.
 

Compliance e oportunidade estratégica

Cumprir a NR 1 vai além da obrigação legal. Trata-se de um imperativo de compliance e governança corporativa. Organizações que incorporam a avaliação de riscos psicossociais demonstram:
  • Compromisso com a legislação;
  • Redução de passivos trabalhistas e jurídicos;
  • Prevenção de condições que impactam produtividade, absenteísmo e rotatividade;
  • Promoção de ambientes de trabalho mais saudáveis e éticos.
Portanto, a adequação não deve ser vista apenas como custo, mas como investimento estratégico, alinhado às melhores práticas internacionais de ESG (Environmental, Social and Governance).
 

Da teoria à prática

A grande questão para empresas é transformar conhecimento em prática. Cursos, palestras e webinários disseminam conceitos sobre saúde mental e riscos psicossociais, mas a efetividade depende de ferramentas acessíveis, simples e aplicáveis em larga escala. Soluções digitais, como softwares que automatizam etapas do processo, garantem:
  • Rapidez na aplicação de questionários e análise de dados;
  • Confidencialidade e anonimato para os trabalhadores;
  • Relatórios prontos para integrar ao PGR;
  • Planos de ação automáticos sugeridos por algoritmos e inteligência artificial.
 

Conclusão

A NR 1 consolidou o gerenciamento dos riscos psicossociais como parte indissociável da SST no Brasil. As empresas que compreendem esse movimento e implementam avaliações consistentes não apenas cumprem a lei, mas fortalecem sua governança, previnem passivos e contribuem para ambientes de trabalho mais humanos e produtivos.
Em um cenário em que saúde mental deixou de ser diferencial e passou a ser exigência regulatória, a compliance diante da necessidade é também uma oportunidade de liderança e sustentabilidade organizacional.

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Médico Especialista em Otorrinolaringologia. Mentor Intelectual do software SIGOWEB, aplicação na web destinada à Gestão da SST, eSocial, GRO/PGR, Gestão do FAP e atual Diretor de Inovações.

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