AEP e avaliação de riscos psicossociais: a captura da percepção dos trabalhadores

Postado em 11/04/2025
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Considerando a integração da avaliação de riscos psicossociais ao processo ergonômico, especialmente na fase de Avaliação Ergonômica Preliminar (AEP), torna-se fundamental incorporar à essa última instrumentos que capturem a percepção dos trabalhadores.
De uma forma bem suscinta e observando itens listados na NR 17 se constata que avaliações de Levantamento, transporte e descarga individual de cargas, Mobiliário dos postos de trabalho, Trabalho com máquinas, equipamentos e ferramentas manuais e Condições de conforto no ambiente de trabalho empregam métodos diretos e predominantemente mensuráveis, focando nas condições físicas do trabalho.
Em contraste, a avaliação da Organização do trabalho direciona-se à compreensão de como os trabalhadores percebem as condições de trabalho, utilizando métodos mais indiretos e subjetivos para identificar fatores que podem impactar sua saúde mental e bem-estar.
Desta forma, a AEP necessita expandir seu escopo para incluir questionários validados como o COPSOQ, PROART ou HSE.
A aplicação desses instrumentos permitirá coletar dados sobre aspectos organizacionais do trabalho e fatores psicossociais relevantes, complementando a análise biomecânica, dos demais itens, proporcionando uma compreensão mais holística dos riscos no ambiente laboral.
Para além dos questionários, existem outras formas de obter dados subjetivos cruciais para a avaliação de riscos psicossociais, nomeadamente entrevistas individuais e em grupo, que permitem aprofundar a compreensão das experiências e percepções dos trabalhadores de maneira mais qualitativa e detalhada.
Adicionalmente, a análise de dados da empresa, como taxas de absenteísmo, rotatividade, reclamações e acidentes de trabalho, pode fornecer indicadores indiretos valiosos sobre potenciais problemas psicossociais subjacentes.
Contudo, ambas as abordagens apresentam desafios significativos. As entrevistas podem gerar receio ou desconfiança nos trabalhadores, levando a respostas enviesadas ou incompletas, comprometendo a validade da avaliação.
Já a coleta de “dados da empresa” pode ser obstaculizada pela resistência em compartilhar informações consideradas confidenciais pela organização ou, simplesmente, pela inexistência de registros sistemáticos e confiáveis desses indicadores.

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Médico Especialista em Otorrinolaringologia. Mentor Intelectual do software SIGOWEB, aplicação na web destinada à Gestão da SST, eSocial, GRO/PGR, Gestão do FAP e atual Diretor de Inovações.

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