Com o lançamento do Módulo Externo do SIGOWEB para Avaliações de Riscos Psicossociais (ARPs) há duas semanas, já é possível traçar um perfil dos primeiros adeptos da ferramenta. O módulo, projetado para ser compatível com qualquer software de SST já adotado por uma empresa, preenche uma lacuna no sistema existente.
Analisando os dados de adesão, percebemos que 80% dos usuários são clínicas de Psicologia Organizacional, enquanto apenas 20% são Prestadores de Serviço em SST.
Esses números oferecem importantes observações sobre a dinâmica do mercado:
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Clínicas de Psicologia Organizacional: O alto índice de adesão por parte dessas clínicas indica que os psicólogos organizacionais são profissionais com maior tempo e profundidade no envolvimento com os riscos psicossociais. Eles já têm uma presença mais consolidada nas empresas para lidar com esses temas, percebendo a ARP como uma extensão natural de seu trabalho. A ferramenta externa complementa suas práticas, permitindo que a avaliação seja integrada de forma mais fluida ao fluxo de trabalho.
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Prestadores de serviço em SST: O baixo percentual de adesão sugere que, para muitos prestadores de serviço em SST, a ARP ainda não é vista como uma oportunidade de negócio prioritária. Historicamente, a atuação desses profissionais tem se limitado a atividades como elaboração de laudos, ASOs e treinamentos mais tradicionais. A ARP, que exige uma abordagem mais específica e aprofundada, ainda não está totalmente incorporada em suas ofertas. Para eles, a ARP representa um novo campo de atuação a ser explorado.
Em resumo, a disparidade na adesão mostra que, enquanto os psicólogos organizacionais já estão bem-posicionados para atender a essa nova demanda, os prestadores de serviço em SST ainda estão em fase de reconhecimento da ARP como uma oportunidade de mercado promissora.
A dualidade da ARP e a importância da Psicologia
É possível que esse cenário se altere na medida em que se aproxime a data do início da obrigatoriedade da ARP e os Prestadores de Serviço em SST incorporem essas soluções aos seus clientes. A genericamente denominada ARP, na verdade, é um conjunto de duas frentes interdependentes. A primeira é a elaboração da avaliação, que realiza o diagnóstico dos riscos psicossociais. A segunda, e mais estratégica, é a mitigação dos riscos, que consiste em desenvolver e implementar planos de ação para resolver os problemas identificados. Afinal, avaliar por avaliar de nada resulta.
Nesse processo de mitigação, a psicologia organizacional desempenha um papel central e fundamental. As estratégias para melhorar a saúde mental, o bem-estar dos colaboradores e o ambiente de trabalho são elaboradas com base em conhecimentos e métodos da psicologia. Os benefícios resultantes — como a melhoria da produtividade, a redução do absenteísmo e o aumento da satisfação dos funcionários — são méritos diretos de um trabalho estratégico e humanizado. A psicologia organizacional, portanto, não é apenas um complemento, mas a força motriz por trás das melhorias significativas que as organizações podem alcançar.
Isso nos leva a uma conclusão lógica: para fornecer soluções completas e eficazes em ARP, os prestadores de serviço em SST inevitavelmente precisarão incorporar psicólogos organizacionais em suas equipes.