NR 1 e Riscos Psicossociais: Por que o medo do empresariado é o maior obstáculo ao lucro?

Postado em 20/12/2025
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A imagem que acompanha este artigo apresenta os resultados reais da avaliação de riscos psicossociais realizada via metodologia COPSOQ em uma organização, onde os dados foram coletados de forma confidencial e online junto aos trabalhadores. Onde se veem os Domínios e as Dimensões, há um conjunto de números que, embora pareçam apenas estatística, carregam subjacente a eles um material valioso.
Estes resultados constituem o alicerce para a identificação de ativos organizacionais, diagnóstico de vulnerabilidades estruturais, otimização de investimentos, compliance e a necessária fundamentação técnica do PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos).
Infelizmente, esse conjunto de informações preciosas é muitas vezes negligenciado devido ao “medo”. Conforme a notícia (1), o receio do empresariado baseia-se na insegurança jurídica e operacional pela suposta falta de diretrizes claras na NR 1. Os empregadores temem punições por uma norma que consideram carente de condições práticas, alegando guias genéricos e falta de tempo para debate. Há também o receio de que consultorias distorçam o escopo da norma, ampliando-o indevidamente para além da ergonomia e organização do trabalho.
Reconheço que a banalização do tema e a proliferação de “especialistas” traz a abordagem a um nível que pode assustar, como se a avaliação dos riscos psicossociais se resumisse na identificação de indivíduos com sintomas de Burnout, ansiedade generalizada, depressão ocupacional ou síndrome do pânico. Esse foco estritamente clínico no indivíduo adoece o debate e mascara a verdadeira intenção da norma: a saúde da estrutura organizacional. O onipresente questionamento – “Sua empresa está preparada?” – ressoa como uma ameaça apocalíptica onde a diferença entre a vida e a morte, ou entre a penúria e a opulência, se fundamenta no grau de atenção dado à NR 1.
É preciso desmistificar: nem o risco é novo, nem a preocupação com suas repercussões financeiras deveria sê-lo. A ciência do trabalho estuda esses impactos há décadas; o que muda agora é apenas a formalização da obrigatoriedade de olhar para o que sempre afetou a produtividade. Este conservadorismo revela um padrão histórico: o medo do “novo” frequentemente paralisa a adoção de ferramentas que servem ao lucro e à eficiência. Assim como no PPP, FAP e eSocial, a resistência atual ignora que a NR 1 está, de forma quase “graciosa”, obrigando o gestor a realizar um diagnóstico vital de seu próprio negócio.

 

A Ciência contra o Medo: O COPSOQ como Ferramenta de Gestão

Enquanto se alega falta de metodologias, o COPSOQ oferece o rigor técnico para transformar a subjetividade em dados objetivos. Ao aplicar esta ferramenta, o empresário passa a gerir indicadores de lucratividade, respondendo aos medos listados:

1. Insegurança Jurídica e Operacional vs. Diagnóstico Científico

  • Medo: Temor de punições por falta de condições práticas mínimas.
  • Resposta do COPSOQ: O questionário entrega um mapa de riscos fundamentado. O achado de Transparência do Papel (4.75) nesta empresa prova uma excelência na definição de tarefas, blindando a organização contra alegações de negligência operacional.

2. Carência de Orientações e Metodologias vs. Compliance Internacional

  • Medo: Argumento de que os guias são genéricos e não há métodos aceitáveis.
  • Resposta do COPSOQ: Ao adotar um instrumento internacional, a empresa atinge o compliance total. O cruzamento entre Média e Tercil (como na Previsibilidade com 50.91% de risco) oferece a métrica exata exigida pelo Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO).

3. Distorções de Mercado vs. Foco na Ergonomia e Organização

  • Medo: Receio de que consultores ampliem o escopo para saúde mental genérica fora do ambiente de trabalho.
  • Resposta do COPSOQ: A metodologia foca estritamente na relação trabalho-indivíduo. Exemplos como Significado do Trabalho (4.32) e Justiça Organizacional (3.59) restringem a análise ao que ocorre dentro da empresa, conforme prevê a NR 1 e a NR 17.
 

A Engenharia da Eficiência: Transformando Dados em Resultado Operacional

O diagnóstico dos riscos psicossociais é, na verdade, uma consultoria de eficiência gratuita. Organizações “organizadas” são mais lucrativas.
  • Quando o COPSOQ aponta um Desvio Padrão de 1.41 na Previsibilidade, ele sinaliza ruídos na comunicação interna que geram retrabalho e desmotivação.
  • Corrigir esse rumo não é apenas uma obrigação legal, é uma providência necessária para aumentar o lucro.
 

Conclusão: O Medo como Obstáculo ao Progresso

Em última análise, o medo manifestado pelo empresariado não tem razão de ser. O que se apresenta como uma “ameaça regulatória” é a maior oportunidade de gestão das últimas décadas. Rejeitar a avaliação psicossocial por receio do desconhecido é o equivalente a ignorar uma auditoria financeira profunda por medo de descobrir onde o dinheiro está sendo desperdiçado.
O medo paralisa, mas o dado liberta. Ao utilizar metodologias robustas como o COPSOQ, o gestor substitui a ansiedade da incerteza pela segurança da evidência. Não se trata de “psicologizar” a empresa, mas de profissionalizar a sua organização. Como vimos, indicadores como Transparência do Papel não são conceitos abstratos; são engrenagens que, quando bem ajustadas, garantem que o motor da produtividade funcione sem atritos desnecessários. O empresário que deseja prosperar sob a NR 1 deve abandonar a postura reativa e abraçar a gestão dos riscos psicossociais como o diagnóstico definitivo para a saúde financeira do seu negócio.
Referência:
  1. “Empregadores pedem novo adiamento da entrada em vigor dos riscos psicossociais no GRO”: Consultado em 20/12/2025 – https://protecao.com.br/destaque/empregadores-pedem-novo-adiamento-da-entrada-em-vigor-dos-riscos-psicossociais-no-gro/

 

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Médico Especialista em Otorrinolaringologia. Mentor Intelectual do software SIGOWEB, aplicação na web destinada à Gestão da SST, eSocial, GRO/PGR, Gestão do FAP e atual Diretor de Inovações.

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