A Avaliação de Riscos Psicossociais (ARP), embora legalmente exigida com a promessa de bem-estar, esbarra nos custos que desafiam a saúde financeira de inúmeras empresas. Para alguns, o investimento parece módico; para a maioria, será um peso adicional ao orçamento.
As metodologias aprofundadas? Um deleite! Observações in loco detalhadas, feitas por alguém parado, com toda a discrição do mundo, cobrando por hora de trabalho, analisando o trabalho alheio. Entrevistas qualitativas? Ótimo para ocupar horas preciosas da equipe, extraindo aqueles “insights” profundos. E os workshops interativos? A cereja do bolo! Reunir todos para discussões que, sem dúvida, otimizarão cada minuto do expediente.
E as entrevistas, ah, as entrevistas! Individuais ou em grupo, porque a sutileza de questionar sobre bem-estar no trabalho nunca é excessiva. E a garantia de sigilo e confidencialidade? Uma formalidade, naturalmente. Em um ambiente corporativo, a informação sempre circula com a máxima discrição…
Os programas complexos, com múltiplos componentes e níveis de intervenção, demonstram um comprometimento admirável com a profundidade da análise.
E o custo? Um detalhe menor, quase negligenciável diante da nobreza do propósito.
No cenário brasileiro, especialmente PMEs com orçamentos restritos veem o custo da ARP detalhada como obstáculo intransponível. Essa limitação nacional compromete a saúde e segurança no trabalho, tornando um ambiente laboral idealizado uma miragem, pois a realidade financeira se impõe. O capital para avaliações completas torna-se inacessível, distanciando a ARP de muitas organizações.
Assim, o potencial da ARP para um ambiente laboral sadio e seguro corre o risco de não se concretizar. Para muitas, persistirá como obrigação legal inacessível por restrições orçamentárias.
Urge, portanto, o desenvolvimento de soluções economicamente viáveis. Qualquer estratégia de adoção em larga escala da ARP deve priorizar o custo. É crucial disponibilizar abordagens e metodologias que otimizem os encargos financeiros, tornando a ARP acessível e praticável para PMEs.
Soluções de fácil implementação e baixo custo são igualmente vantajosas para empresas com melhor saúde financeira, afinal, custos são relevantes em qualquer contexto.
O desafio reside em encontrar o equilíbrio entre uma avaliação robusta, que empregue métodos reconhecidos e validados nacionalmente, e práticas que simplifiquem os processos, idealmente incorporando um grau significativo de automação – desde a coleta de dados junto aos trabalhadores até a obtenção de resultados, suas análises estatísticas e a apresentação dos achados –, tudo isso com baixo custo operacional e de execução.
Somente assim a ARP se converterá em oportunidade real de melhoria para trabalhadores e empresas, promovendo ambientes seguros e de bem-estar, reduzindo absenteísmo e custos com doenças ocupacionais, rompendo o ciclo prejudicial à saúde e à produtividade.